Participação, para Betinho, é o terceiro princípio da democracia. “Eu não quero receber de graça, nem como dádiva, nem a minha liberdade, nem a minha igualdade. Eu quero que isso seja construído com a minha participação.” [1]
Betinho afirmava que sem a participação, não é possível transformar em realidade nenhum dos outros
princípios: igualdade, liberdade, diversidade e solidariedade. “Falamos aqui de participação em todos os níveis, sem exclusão prévia de nenhum grupo social, sem limitações que restrinjam o direito e o dever de cada pessoa tomar parte e se responsabilizar pelo que acontece no planeta. Em resumo, cada um de nós é responsável pelo que acontece nas questões locais, nacionais e internacionais. Somos cidadãos do mundo e, portanto, corresponsáveis por tudo o que ocorre. A única forma de transformar este direito em realidade é através da participação.” [2]
Nesse sentido, explicava, “a participação não pode ser uma possibilidade aberta apenas a alguns privilegiados. Ela deve ser uma oportunidade efetiva, acessível a todas as pessoas. Além disto, é preciso que ela assuma formas diversas: participação na vida da família, da rua, do bairro, da cidade, do país. Também da empresa, da escola e da universidade. Das associações civis, culturais, políticas e econômicas. Participação é, ainda, um direito que não pode ser restrito por critérios de gênero, idade, cor, credo ou condição social. É universal.” [2]
“A participação pode assumir a forma de uma simples ação pessoal. Ou pode organizar e motivar a formação de grupos e instituições. Todas são válidas e ocorrem na vida real”, explicava. [2]
“Só com ampla participação podemos lutar pelos princípios da democracia, neutralizando as formas de autoritarismo frequentes em nossa sociedade. É através dela que se acaba com a desordem de um status quo injusto, que produz a marginalização. E é também através dela que superamos a resignação e o medo. Só assim são geradas as condições para o exercício pleno da liberdade e da cidadania, só possíveis em uma sociedade democrática.” [2]
“As sociedades autoritárias fazem tudo para limitar, restringir e desestimular a participação. Samuel Huntington, um ideólogo conservador americano, dizia que o excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele, quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir e consolidar a democracia.” [2]
“Na cultura brasileira, a participação é percebida de forma limitada e limitante: ‘seja um bom pai de família e o resto virá por acréscimo’; ‘seja um bom trabalhador que os outros cuidarão de sua vida’; ‘seja um cidadão que vota a cada quatro ou cinco anos e o Estado fará o resto’; ‘não participe de tudo nem busque ampliar seus compromissos; isso só lhe trará dor de cabeça!’. No fundo, a mensagem conformista e excludente é essa: cuide de sua vida e esqueça-se do resto!” [2]
“A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que perpassa nossa história e instalou-se na nossa cultura e, portanto, nos nossos próprios hábitos. Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos, então, o cidadão limitado, fechado, sem iniciativa, dependente.” [2]
“A participação é o caminho da democracia, e quanto mais ampla e profunda, melhor”, ressaltava. [2]