O quinto princípio da democracia, na concepção de Betinho, é a liberdade. “Não quero que ninguém outorgue a minha liberdade. Quero conquistar a minha liberdade através da participação. Todo homem e toda mulher precisa ser livre. Quantos são hoje realmente os cidadãos e cidadãs livres neste mundo? Somos poucos.” [1]
Para Betinho, liberdade é um conceito que se mistura com a própria democracia. “A democracia é o igual e o diverso. O encontro de liberdades. A convergência da pessoa e da comunidade. Da sociedade civil e do Estado (administração do bem público). A democracia é o atendimento do básico e do transcendental. Do Pão e da Liberdade. Do finito e do infinito. Do Eu e do Nós. É a afirmação da consciência no mundo de sua falsificação em relações coisificadas. Democracia é liberdade e política, é enfim aquilo que queremos fazer de todos nós e que, por isso, algum dia será, sem nunca ser totalmente, porque como proposta de algo sem fim e limites é sempre obra inacabável.” [4]
Ele também percebia a liberdade como “uma conquista diária, que vivenciamos momento a momento, na participação com os outros”. E dizia que deveríamos “pensar a liberdade, o que acontece em sua falta e o que se pode fazer com sua presença.”
A seu ver, ao pensarmos em uma proposta democrática, deveríamos tentar “percorrer o caminho para uma nova economia, um novo modo de produzir que tivesse objetivos e formas de organização compatíveis com os princípios da democracia. (…) Uma economia que organizasse a produção para produzir de tudo para todos (igualdade e diversidade), fundada em todos os níveis em todos os momentos na participação de todos os atores sociais, movida pelo compromisso real de incluir em seu processo todas as dimensões de todas as pessoas (solidariedade) e fundada no respeito concreto à liberdade de cada um.” [2]
Ele dizia que “uma política democrática começa por afirmar a soberania do cidadão, de todos os cidadãos, e a subordinação do Estado aos objetivos livremente definidos pela cidadania.”
E enfatizava: “a liberdade rompe as fronteiras do individualismo e do egoísmo para situar-se no âmago da justiça social e da democracia.” [5]