Moção em homenagem a Herbert de Souza, Betinho
por André Spitz e Gleyse Peiter
Texto extraído do livro Mobilização: Betinho & a cidadania dos empregados de Furnas, de 1998.
Betinho, por sua história, tinha a capacidade de estimular e mobilizar o lado indignado de cada um de nós.
Sempre surpreendidos por suas tiradas e por sua forma singular de observar e interpretar os fatos e a vida, Betinho nos magnetizava pelo mágico contraste entre sua força, harmonia e fragilidade, sempre manifestas nas múltiplas emoções de seu olhar e de seus gestos.
Com simplicidade, ironia, bom humor, firmeza, de forma muito própria de nossa cultura, Betinho conseguia marcar a cada momento o horror da miséria e da exclusão social, aguçando nossos laços de solidariedade.
Quando falavam da “campanha do Betinho”, ele rapidamente reagia mostrando que não se tratava de uma campanha e que ele era apenas um animador, um articulador privilegiado; que a Ação da Cidadania despendia de cada um e de todos; que se tratava do maior e mais sincero movimento de solidariedade social já ocorrido no Brasil, envolvendo milhares de comitês e pessoas; como na fábula do beija-flor, que a todos emocionou, era preciso que cada um fizesse a sua parte.
É triste pensar que Herbert de Souza não está mais aqui, mas Betinho ainda está com a gente, dentro de cada um de nós.
Nós que tivemos o privilégio de conviver, trabalhar e construir sonhos com Betinho e que com Betinho criamos o COEP em agosto de 1993, agora infelizmente sem a presença do amigo Herbert, juntos persistiremos no nosso compromisso de empenhar nossa esperança, força e vontade, e de nossas instituições, na construção de um Brasil sem indiferença e sem miséria.